Resenha: O Presente do Meu Grande Amor – Doze Histórias de Natal

Autores: Holly Black, Ally Carter, Matt de La Peña, Gayle Forman, Jenny Han, David Levithan, Kelly Link, Myra McEntire, Stephanie ...




Autores: Holly Black, Ally Carter, Matt de La Peña, Gayle Forman, Jenny Han, David Levithan, Kelly Link, Myra McEntire, Stephanie Perkins, Rainbow Rowell, Laini Taylor e Kiersten White.
Organização: Stephanie Perkins
Editora: Intrínseca
Gênero: Ficção estrangeira, contos
Páginas: 352
ISBN: 9788580576252
Tradução: Cássia Zanon, Rachel Agavino e Regiane Winarski
Classificação: ★★★★☆ (4/5)
Mais informações no site da editora.



Não costumo ser muito chegada em livros de contos, mas, quando vejo um com autores que eu goste, não consigo resistir. E a capa deste também é uma gracinha, vamos combinar. Fiquei um bom tempo relacionando os casais das histórias com os bonequinhos patinando. Só achei estranho que a capa na frente é um pouco maior do que atrás, isso a torna mais fácil de amassar.  A revisão também deixou escapar um errinho besta, mas importante: o nome da Stephanie Perkins foi escrito errado na orelha do livro e no sumário.

Bem, vamos ao livro em si. Eu sempre tive uma afinidade instantânea com histórias de natal, mesmo as mais clichês. Felizmente, esse não foi o caso: nada de clichês aqui. A maioria dos contos abordam essa época do ano de forma criativa e especial, alguns buscando versões alternativas das festividades de fim de ano no contexto de outras culturas e religiões. Certos contos foram melhores do que outros, é claro, mas nenhum chegou a ser de fato ruim.

Meias Noites | Rainbow Rowell | ★★★☆☆ (3/5)
Mags conheceu Noel em uma festa de ano-novo na casa de uma amiga, apesar deles só se tornarem realmente próximos meses depois, quando fizeram uma matéria em comum no colégio. O conto mostra o desenvolvimento da relação deles ao longo de quatro anos, sempre com a festa de ano-ano como pano de fundo. É uma história bonitinha, mas o que se passa na cabeça do Noel é uma completa incógnita e o final deixou um pouco a desejar.

A Dama e a Raposa | Kelly Link | ★★★☆☆ (3/5)
A mãe de Miranda está presa na Tailândia e ela mora com uma tia, mas passa todos os natais na mansão da família Honeywell, pois a antiga patroa de sua mãe, Elspeth, a considera uma afilhada. Uma vez, ainda criança, ela vê pela janela um homem sentado sozinho na neve e tenta descobrir quem ele é o que faz lá; desde então, em todos os natais ela espera que neve. O começo da história é realmente – realmente – bom, mas o final não fez o menor sentido. Ainda estou tentando entender o que aconteceu ali.

Anjos na Neve | Matt de La Peña | ★★★☆☆ (3/5)
Shy ganhou uma bolsa integral na Faculdade de Nova York e se mudou para o Brooklyn, mas não está se adaptando muito bem à mudança. Ele já está na cidade há um ano, mas continua se sentindo deslocado. Como não possui dinheiro para passar o Natal em casa, ele aceita passar o feriado no apartamento de seu chefe, Mike, cuidando de sua gata enquanto ele viaja com a esposa. Lá ele conhece Haley, uma vizinha que está tendo problemas com o encanamento e, sozinhos no prédio durante a tempestade, acabam iniciando um relacionamento. Foi uma história engraçada e até fofa, mas novamente o final ficou com cara de não-final. Eu queria compreender porque quase todos os contos terminam de forma tão vaga.

Encontre-me na Estrela do Norte | Jenny Han | ★★☆☆☆ (2/5)
Todo ano os duendes do Polo Norte promovem o Baile da Neve, último agito antes das festas de natal engrenarem. Este ano não é diferente, mas Natalie se sente mais deslocada do que nunca, sendo a única humana presente, filha adotiva de Papai Noel. Ao longo da festa, Natty lamenta não ser o par do duende Flynn e recorda-se de conversas anteriores entre os dois. O universo desde conto me conquistou de primeira e, por isso, fiquei ainda mais chateada com o final do que se tivesse já começado ruim. Não bastou ser totalmente vago, o fim foi de arrancar o coração. Eis uma história que eu adoraria se virasse livro.

É um Milagre de Yule, Charlie Brown | Stephanie Perkins | ★★★★★ (5/5)
Marigold tem uma missão para o solstício de inverno: concluir um curta de animação de comédia para seu canal no YouTube, que seria um presente para sua mãe. Para finalizar o projeto basta apenas a dublagem, mas ela colocou na cabeça que quer a voz de North – um vendedor de árvores de Natal – e não vai economizar esforços para consegui-la. A narração de Stephanie é muito engraçada e ela escreveu, sem dúvida, meu conto favorito do livro. Os personagens que ela criou são únicos e acho que vou sentir falta deles.

Papai Noel por um Dia | David Levithan | ★★★★☆ (4/5)
Um rapaz judeu é convencido pelo namorado, Connor, a se fantasiar de Papai Noel na noite de Natal e entrar em sua casa para surpreender sua irmã mais nova, Riley, que ainda acredita no bom velhinho. É um conto leve e divertido sobre inícios de relacionamento e coisas idiotas que fazemos por pessoas que amamos; não chega a ser genial, mas conquista pela fofura.

Krampuslauf | Holly Black | ★★★☆☆ (3/5)
A história começa quando Hanna vai à Krampuslauf – um evento popular na cidade de Fairmont, no qual as pessoas se vestem como o horripilante companheiro do Papai Noel, Krampus – com suas amigas Penny e Wren, a fim de flagrar o namorado de Penny, Roth, com a amante. Elas realmente os encontram e, para atormentá-lo, convidam todos os presentes para uma festa de ano novo que dariam. O problema é que, obviamente, não há festa alguma. Agora elas têm pouco mais de um mês e quase nenhum dinheiro para organizar uma festa espetacular e não passarem vergonha. O princípio do conto foi bom e a ideia muito criativa, mas, a partir do momento em que a festa começou, o enredo virou um caos e assim permaneceu até o fim. Tive a impressão de que o desfecho foi comprimido para caber em menos páginas, se é que isso faz sentido.  Outro conto que poderia tranquilamente render um livro.

Que Diabo Você Fez, Sophie Roth? | Gayle Forman | ★★★★★ (5/5)
Faz apenas quinze semanas desde que Sophie iniciou seu primeiro ano na Universidade de Fimdomundo, mas ela já teve ao menos uma dúzia de momentos “que diabo você fez, Sophie Roth?” – o primeiro deles logo quando desceu do carro, no primeiro dia, ao perceber a merda que havia feito. Com a proximidade do Natal, você poderia pensar que o universo se apiedaria e viria com alguma ajuda, no entanto, logo se torna claro que isso não vai acontecer tão cedo: Sophie vê um panfleto anunciando um recital de canções natalinas e pensa que seria uma boa ideia comparecer.  Ela já estava refletindo sobre como é burra quando, por acaso, conhece Russell, a primeira pessoa em muito tempo que não a considera muito “urbana” (entenda as aspas como tom pejorativo). Logo eles decidem fugir juntos dos suéteres de Natal que acendem e Sophie acaba ganhando uma comemoração de Chanucá que não esperava. Um dos contos mais engraçados do livro, também foi um dos mais fofos. Impossível não se apaixonar pelo sarcasmo bem colocado dos personagens.

Baldes de Cerveja e o Menino Jesus | Myra McEntire | ★★☆☆☆ (2/5)
Este conto gira em torno da encenação do nascimento de Jesus que uma Igreja Metodista faz todos os anos. O protagonista em questão, Vaughn, é conhecido por pregar o caos e, em sua última peripécia, colocou fogo por acidente no celeiro onde eram guardados os figurinos. Para compensar o estrago, o pastor da Igreja deu-lhe a opção de ajudar na produção da peça. Foi até uma história legal – e a paixonite de Vaughn por Gracie, filha do pastor, bem fofa –, mas em muitos pontos confusa. Em nenhum momento ficou claro o que ele estava tentando fazer quando causou o incêndio e o sobrenome do pastor mudou de Robinson para Brown no meio da narração, depois voltou para Robinson (é sério).

Bem Vindo a Christmas, Califórnia | Kiersten White| ★★★★★ (5/5)
Christmas não chega a ser uma cidade, nem mesmo uma vila; é apenas uma região censitária, mas é onde Maria mora, desde pequena, com sua mãe e padrasto.  Sua vida não é exatamente preenchida de glamour, ela passa os dias dividida entre a escola – que fica há 45min de distância – e seu trabalho como garçonete em uma lanchonete ruim de tema natalino. Sua opinião sobre a definição de lar, entretanto, é definitivamente abalada quando ela conhece Ben, o novo cozinheiro da lanchonete, que possui o estranho dom de sempre perceber o que as pessoas precisam comer para se sentirem felizes. Ben acabou se mostrando um dos personagens mais originais que eu já vi – e não estou dizendo isso por também ser cozinheira. Algumas atitudes de Maria me deixaram bastante irritada, para falar a verdade, mas no final ela acabou me conquistando. Enfim, é uma história realmente bonita e uma das melhores do livro.

Estrela de Belém | Ally Carter | ★★★☆☆ (3/5)
Tudo começa quando Lydia está no aeroporto, tentando fugir de casa. Em um impulso, ela acaba trocando suas passagens com Hulda, uma estudante de intercâmbio islandesa. Ela esperava, com isso, ir para mais longe ainda do que Nova York, mas não imaginava o quanto: ela vai parar na pequena cidade de Bethlehem, em Oklahoma. Lá uma calorosa recepção a aguardava, sendo Ethan, o ex-namorado de Hulda, o único a par da verdade. A narração de Ally é divertida, fácil de ler, mas o desfecho da história escorregou um pouco. De uma hora para a outra eu me senti mergulhando em uma novela mexicana.

A Garota que Despertou o Sonhador | Laini Taylor | ★★★★☆ (4/5)
Neve é uma moradora da Ilha das Penas, onde é tradição que damas recebam presentes em todos os dias de dezembro antecessores ao Natal, como forma de cortejo. Ela, em especial, não se encontra em posição de rejeitar nenhum pretendente, sendo uma órfã da colônia fracassada, sem dinheiro para buscar um futuro em outro lugar. Suas esperanças de encontrar uma nova vida já estavam se esgotando quando, após uma prece desesperada, começa a receber misteriosos presentes. O universo criado pela autora neste conto é absolutamente rico e envolvente, por isso minha única crítica é que tenha sido utilizado por apenas 30 páginas. Me parece simplesmente um desperdício.



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2 comentários

  1. Eu eu larguei esse livro pela metade... no Brasil. Chorando.

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    1. Então você provavelmente nem chegou nos melhores contos. Sofrendo por você.

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